Pensou Alice… | Interpretando Frases em Japonês

Na série de aulas Interpretando Frases, respondemos dúvidas de japonês em frases enviadas por inscritos do nosso Canal no YouTube!

A frase dessa aula foi enviada pelo inscrito Samuel Carlos:

Veja a sentença, com as partículas já em destaque:

かいないほんなんて、なんやくにもたたないじゃないアリスおもいました。

Explicando a Sentença

No caso, nosso inscrito nos conta que o trecho たたない junto ao じゃない o deixou em dúvida sobre qual seria a melhor interpretação para a sentença.

Vamos estudar essa sentença separando cada uma de suas partes.


No final da sentença

Vamos começar o estudo da sentença pelo seu final, em que há o trecho:

アリスおもいました。

Vocabulário

アリス → Alice
おもいました → Pensou

Expressando pensamento

A Partícula と é utilizada com Verbo おもう, que significa “Pensar”/“Achar”, para indicar o que foi pensado/achado.

Por exemplo:

ないおもいます。
Acho que não vem.

Na pequena sentença acima, o pensamento, que era “Não vir”, foi ligado ao verbo “Pensar” através da Partícula と.

E o mesmo ocorre na sentença enviada pelo nosso inscrito. A diferença está no fato de que foram utilizados os KAKKO, 「」, que correspondem às aspas do português, envolvendo o trecho da frase que corresponde ao pensamento de Alice.

Além disso, a ordem das palavras está levemente diferente do usual. Comumente, as sentenças de pensamento são ordenadas desta forma:

アリス「A」おもいました。
Alice pensou “A”.

Enquanto que, na sentença enviada, aparece desta forma:

「A」アリスおもいました。
“A”, pensou Alice.

Na prática, essa alteração não muda o sentido da frase. Trata-se de uma preferência do autor, que escolhe naturalmente a palavra que quer dar mais destaque na sentença.

Sabendo disso, vamos estudar qual foi o pensamento de Alice.


Primeira Parte

Na primeira parte do pensamento de Alice, temos:

かいないほんなんて

Vocabulário

 → Imagem
かい → Conversa
ない → Não há
ほん → Livro
なんて → Coisas como

Partícula や

A Partícula や tem a função de listar elementos de um mesmo universo, porém não limita a somente esses elementos citados, deixa aberta a possível existência de outras coisas que não foram citadas.

Por exemplo:

  • デスクのうえにノートやかみがあった。
  • Sobre a mesa, havia cadernos e papeis (e coisas do tipo).

Os cadernos e os papeis foram citados na sentença, porém o uso da Partícula や passa a ideia de que também havia sobre a mesa outras coisas desse mesmo tipo.

No caso da sentença em questão, em que Alice está pensando sobre elementos que são encontrados em livros, temos:

かい
Imagens e conversas (e coisas do tipo)

Partícula の Atribuindo Característica

Quando o Verbo ある, que significa “Haver”, é utilizado com o sentido de atribuir característica, tem se tornado cada vez mais comum o uso da Partícula の, desta forma:

ようある
Ter compromisso (Compromissado)

ゆうある
Ter coragem (Corajoso)

Na sentença em questão, isso ocorre:

かいない
Não há imagens e conversas

Frases Adjetivas

O uso da Partícula の transmitindo uma característica foi preferida nesse caso pois esse trecho se trata de uma Frase Adjetiva, que são verbos ou frases que caracterizam outras palavras.

Quando há uma frase ou uma construção verbal que é acompanhada de um substantivo, essa frase passa a caracterizar o substantivo. Por exemplo:

んだ雑誌ざっし
Revista que li

Temos o Verbo む, que significa “Ler”, seguido pela palavra 雑誌ざっし, que significa “Revista”.

O verbo “Li” passará a caracterizar a palavra “Revista”, trazendo especificidade a essa palavra, algo como: “Não estou falando de qualquer revista, e sim, especificamente, sobre a revista que eu li.”

A palavra que está sendo caracterizada na sentença enviada pelo Samuel é ほん, que significa “Livro”:

かいのないほん
Livros que não têm imagens e conversas

Exemplificando com なんて

Fechando a primeira parte da sentença, é utilizada a palavra なんて, que significa “Coisas como”, “Coisas do tipo”.

Essa palavra é utilizada em contextos mais depreciativos, em que se passa uma ideia negativa daquilo que está sendo exemplificado. Por exemplo:

  • このもんだいなんてどももわかる。
  • Este tipo de problema (exercício), até criança entende.

Da mesma forma, na sentença desta aula, temos:

かいのないほんなんて
Livros do tipo que não tem imagens e conversas…


Segunda Parte

Na segunda parte do pensamento de Alice, temos:

なんやくにもたたないじゃない

Vocabulário

なんの → Que tipo
やくにたつ → Ter utilidade (expressão)
じゃないの → ”Não é mesmo?”

Expressando que tem utilidade

Para expressar que algo tem utilidade, ou serve para alguma coisa, em japonês, existe a expressão 役に立つ.

Na sentença em questão, a expressão está na negativa.

やく
Ter utilidade

やくたない
Não ter utilidade

なんのやくたたない
Não serve pra nada mesmo

A Partícula も está expressando a ideia de não servir para nada, enquanto que o なんの reforça ainda mais essa mensagem, passando a ideia de que o elemento sobre o qual estamos falando “Não tem utilidade de nenhum tipo.

“Não é mesmo?”

Fechando as estruturas da sentença, há o trecho じゃないの, no final do pensamento de Alice, que é a construção que causou mais dúvidas no nosso inscrito.

Em termos de significado, essa expressão serve para reforçar a ideia que acabamos de pensar, coagindo o ouvinte a concordar com o que estamos dizendo.

Na prática, podemos associar à ideia do “Não é mesmo?” do português, que usamos quando esperamos que o ouvinte concorde com o que acabamos de dizer.

Veja os seguintes exemplos:

  • このふくでいいじゃないの?
  • Não está bom ir com essa roupa?
  • ねえちゃんのりょうぜんぜんしくないじゃないの?
  • A comida da minha irmã não é nada boa, não é mesmo?

Sabendo disso, podemos entender o trecho final do pensamento de Alice como:

なんのやくにもたたないじゃないの
Não serve para nada, não é mesmo?


Criando uma Tradução

Compreendidas as partes separadas da sentença, podemos criar uma versão traduzida em português.

Lembre-se, existem praticamente infinitas formas diferentes de se criar traduções, pois traduções abrem portas para adaptações necessárias para que a frase fique bem construída na língua para a qual se está traduzindo.

A sentença de hoje, podemos traduzir como:

  • かいのないほんなんて、なんのやくにもたたないじゃないの」とアリスはおもいました。
  • "Livros do tipo que não tem imagens ou conversas não servem pra nada, não é mesmo?", pensou Alice.

Envie sua Frase!

Envie também a sua dúvida em uma sentença aqui no blog, ou nos comentários da aula no YouTube. Mas pedimos que siga esses critérios:

  • Não crie as frases, retire de conteúdo nativo, ou material didático;
  • Procure falar um pouco sobre o contexto (jornal, livro, etc.) para que nossa explicação fique a mais clara possível;
  • Diga-nos em que parte da frase, especificamente, está a sua dúvida.

Alguma dúvida sobre o conteúdo dessa aula? Deixe nos comentários!

Bons estudos!

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